"Renda-se, como eu me rendi.
Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei.
Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento."

(Clarice Lispector)

O Beijo

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Gustav Klimt (1907)
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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Perto da família e do coração (por Andréa Naritza)

Estou de férias, perto da minha família e na minha cidade natal. Sempre que venho aqui, faço um pequeno ritual: visitar meus avós, olhar fotos, matar a saudade de sabores que só encontro aqui. Depois de um tempo, mesmo refazendo o ritual de sempre, observei que a minha percepção sobre as coisas e as pessoas foi modificando. Não foi apenas o meu amadurecimento que afetou as pespectivas, mas os fatos também mudaram.

É incrível como os hábitos acabam se tornando tradição quando repetidos sucessivamente. Mas quando a realidade muda e não podemos mais perpetuar o que se fez desde sempre, como devemos agir? Antes, existia uma regra, mesmo que tácita, que nos dava um rumo. E quando as circunstâncias mudam a ponto de nos obrigar a traçar as novas regras, como devemos fazer?

Há seis meses, perdi  meu avô materno e sinto que os últimos dias também se aproximam para a minha avó. Restará apenas a minha avó paterna, já que o meu avô paterno já faleceu há muito tempo. E esse é o ponto. Percebo agora a importância dessas figuras para a perpetuação do ato de agregar a família. Desde que me entendo por gente, fazíamos a mesma trajetória para visitá-los no Natal e no Ano Novo. Vejo que, com a partida deles, a congregação familiar já não é a mesma.

Não estou aqui lamentando a partida de pessoas idosas que já cumpriram com a sua missão neste mundo. Só ressalto que a família à moda antiga conferia um pouco mais de união. Pode ser que a nostalgia tenha me invadido agora, mas sinto falta daqueles encontros calorosos e barulhentos, com todo mundo junto, na ceia ou apenas confraternizando os últimos momentos do ano. Visitar os avós era o que todo mundo pensava que seria o propósito do encontro. Contudo, imagino que todos nós sabíamos que aquela energia contagiante da família reunida era o que emocionava de fato.

Então, tenho a missão de continuar a cultivar esses encontros, mesmo que não sejam como antigamente. Afinal, tudo tem seu tempo. O que importa é a satisfação de rever as caras conhecidas e desejar feliz natal e feliz ano novo do fundo do coração, desejando verdadeiramente que essas pessoas possam desfrutar de momentos melhores. Não apenas por serem nossos familiares, mas principalmente por serem pessoas como nós que sempre buscam algo positivo da vida.

E que não seja preciso exercitar o afago apenas aos familiares. No percorrer do caminho surgem pessoas tão especiais que nos encantam e alegram os nossos dias, independentemente dos laços de sangue. Somos a família universal, sem divisão de guetos. Somos aqueles capazes de transformar o mundo por meio de pequenos atos de gentileza e união.     

2 comentários:

  1. Adorei o seu post.
    Realmente, parece a certo momento que as regras são quebradas, as coisas mudam e você acaba ficando sem rumo, sem chão. Mas nada como o tempo para remodelar os costumes, o dia a dia, o cotidiano...
    Mudando um pouco o rumo da conversa. Aconteceu um fato engraçado aqui. Já passei meu aniversário, os deles, mas nunca passei o Natal e o Ano Novo longe de minha mãe e meu irmão. Deixei de ir para Praia do Forte, para BH, para Vitória, para passar as festas de fim de ano em Canavieiras-BA (um lugar que já conheço há mais de 20 anos), mas era com pessoas especiais. Bem, eu queria passar na praia, mas minha mãe não queria ir e disse que nós (eu e meu irmão) poderíamos ir sem problemas. Ela ficou na casa de meus avós (pais de meu pai – tios dela) enquanto eu e meu irmão íamos para a praia caminhando (a distância é mais ou menos 1,5Km). Ora, a gente quase chegando lá, quem passa de carro nos procurando? Pois é, minha mãe! Ela ficou com saudade da gente e foi buscar a gente pra passar com ela. Enfim, já eram 23h:40 e estávamos nós voltando (era o mais prudente e eu resolvi voltar) pra passar os restinhos de minutos de 2010 na casa de minha vó, com meu avô, minha tia, meu irmão e minha mãe. Apesar dos pesares, foi melhor assim. Não sei se neste ano de 2011 todos eles estarão presentes nas festas de fim de ano, mas do fundo do coração espero que sim. A gente não quer perder nossos entes queridos, nossos amigos... dói, machuca, mas não está em nossas mãos, infelizmente.
    Uau... tô invadindo seu blog...haha! Deixa eu tomar meu rumo! Kkk!
    Que esse e todos os outros que estão por vir, sejam anos maravilhosos para você! Você merece! Ah... só para não esquecer “ela vai para onde ela quer, ela vai conseguir!”. E num é que foi mesmo :)! Sucesso garota! Te admiro de montão!
    Bjs,
    AlInE Linhares Loureiro

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  2. Oi Aline!!! Engraçado que já aconteceu algo parecido comigo!!! Parece que o final de ano é uma época mágica e que só nos sentimos à vontade junto aos nossos familiares. Parece que o abraço no momento da virada só tem o calor que merece ter quando é dado em alguém querido.
    Obrigada pelas palavras de incentivo.
    beijos,
    Andréa.

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