"Renda-se, como eu me rendi.
Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei.
Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento."

(Clarice Lispector)

O Beijo

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Gustav Klimt (1907)
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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Sobre a Saudade (por Andréa Naritza)

Saudade não quer dizer ausência por completo.


Pode ser definida como um vazio que, pelo fato de existir em algum canto da memória, já se faz raiz.

Traz consigo o impacto de emoções fortes, de ventos que sopraram para o lado contrário, de um passado que nunca se despede.

Sentimento que rói e arde, alegra e entristece, cega e clareia ao redor.

Dá a certeza de que os momentos vividos jamais serão arrancados.

São patrimônio daquilo que foi plantado.

Mesmo que tudo passe, que o chão antes habitado por estrelas se torne deserto e árido, deixa evidentes marcas permanentes da alma.

Deixa sempre à mão a lembrança do primeiro instante, a descrição confessa de como tudo começou.

Mas se esquiva de mostrar o corte, o dia em que tudo mudou.

Saudade do toque, presença da imagem viva.

Desmanche dos sonhos sonhados, nostalgia de memórias vividas.

Dias bons, ruins, que importa se eram todos repletos de intensa vivacidade!

Um cheiro doce, um abraço iluminado, um rosto esculpido em detalhes, um nome que não pode ser pronunciado.

Tudo é pista de um despertar, tudo é fato para se lembrar.

E me pergunto por onde deves andar?