"Renda-se, como eu me rendi.
Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei.
Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento."

(Clarice Lispector)

O Beijo

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Gustav Klimt (1907)
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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Tema de destaque 20 - As pessoas

Final de ano; tempo de mais um balanço.

Pensar se me tornei aquilo que pretendia ser.

De medir se caminhei dois passos à frente ou de perceber se apenas fiquei parada no meio do caminho.

De responder a um chamado, ou simplesmente não pensar nem dizer nada.

Normalmente, é uma época que inspira o ato de contabilizar os ganhos tangíveis, palpáveis.

Mas também deixa no ar um convite à introspecção.

O despertar da sensibilidadereflexiva em sua forma mais ingênua.

E quem se atreve a embarcar nessa trajetória, descobre o verdadeiro presente que a vida gentilmente oferece a cada momento: as pessoas.

São elas que preenchem o vazio do mundo e tornam a existência humana um acontecimento imensurável.
Algo cheio de caminhos tortuosos e de algumas espetadas.

Mas também são elas que, de maneira incomparavelmente enriquecedora, transformam a alma do ser mais insesível ou menos conectado às necessidades alheias.

Cada ser que passa, deixa sua marca e, mesmo sem querer, ajuda os transeuntes a escreverem sua própria história.

Contribui para que cada um possa se construir com o passar dos tempos.

Oferece um sorriso, um abraço ou simplesmente um aperto de mãos.

Em algumas situações, ajuda o outro a levantar de um tropeço desequilibrado e vai embora.

Eu outras, provoca algumas lágrimas, volta e permanece até o fim.

São apenas detalhes irrelevantes.

Poeira ao vento...

Depois de um tempo se aprende a agradecer por cada um desses presentes, mesmo os inesperados, os avassaladores, os que apagam o chão e tiram o prumo de qualquer um.

Os que trazem embates, desafiam e abalam a auto-confiança.

Até aqueles que nos levam a testar os limites ao extremo.

É nessa caminhada onde apenas o caminhar em si e o fim dele é imperativo e previsível.

É nessa vivência imperfeita que é possível descobrir o imperceptível sobre a felicidade.

Primeiro, percebe-se que a felicidade é algo mais comclexo que o estado de alegria efêmero.

O momento vivido em migalhas de tempo que são devoradas por uma fome insaciável, por se acreditar que está condicionado a algo externo e excêntrico ao cotidiano.

Algo que depende de uma vontade desconhecida e incontrolável.

Percebe-se então o poder de transformação do tempo.

Ao amadurecer, tornam-se todos privilegiados por possuírem “olhos de ver e os ouvidos de ouvir”.

Tornam-se aqueles que não têm pressa, por terem certeza que sempre haverá novos encontros e, junto com eles, a oportunidade de vivenciar novos aprendizados.

Descobrem a cada dia outras formas de ver e de experimentar o mundo de dentro e o de fora.

São eles que estão atentos ao instante certo de interagir, receber e retribuir.

São eles, que no ato de entrega, acabam se tornando parte da vida de outras pessoas.

São eles, que por derradeiro, têm o privilégio de se materializar na mistura de todos em um só.

Revelar-se na própria imagem do universo.

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