"Renda-se, como eu me rendi.
Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei.
Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento."

(Clarice Lispector)

O Beijo

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Gustav Klimt (1907)
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terça-feira, 13 de julho de 2010

Da Minha Precoce Nostalgia (por Maria Sanz Martins)



Sabe quando estamos naquelas fases de fazer um balanço da vida?? Isso mesmo, acabo de me aprofundar em uma delas. Recebi essa mensagem da minha cunhada e ela colou em mim como uma luva. Perfeita!!! Gostaria de vivenciar a cena um dia e poder dar os mesmos conselhos por experiência própria e não por fazer o papel de avó boazinha... Mas ainda há tempo... Ainda tenho uns 50 anos pela frente. Então deixo a mensagem para a reflexão da semana.

DA MINHA PRECOCE NOSTALGIA (por Maria Sanz Martins)
Quando eu for bem velhinha, espero receber a graça de, num dia de domingo, me sentar na poltrona da biblioteca e, bebendo um cálice de Porto, dizer a minha neta:
- Querida, venha cá. Feche a porta com cuidado, e sente-se aqui do meu lado. Tenho umas coisas para te contar.
E assim, dizer apontando o indicador para o alto:
- O nome disso não é conselho, isso se chama corroboração!
Eu vivi, ensinei, aprendi, caí, levantei e cheguei a algumas conclusões. E agora, do alto dos meus 82 anos, com ossos frágeis, a pele mole e os cabelos brancos, minha alma é o que me resta saudável e forte.
Por isso, vou colocar mais ou menos assim:
É preciso coragem para ser feliz. Seja valente.
Siga sempre o seu coração. Para onde ele for, seu sangue, suas veias e seus olhos também irão.
E satisfaça seus desejos. Esse é seu direito e obrigação.
Entenda que o tempo é um paciente professor que irá te fazer crescer, mas a escolha entre ser uma grande menina ou uma menina grande, vai depender só de você.
Tenha poucos e bons amigos. Tenha filhos. Tenha um jardim. Aproveite sua casa, mas vá a Fernando de Noronha, a Barcelona e à Austrália. Cuide bem dos seus dentes. Experimente, mude, corte os cabelos. Ame para valer, mesmo que ele seja o carteiro. Não corra o risco de envelhecer dizendo “ah, se eu tivesse feito...”. Tenha uma vida rica de vida. Vai que o carteiro ganha na loteria! – tudo é possível, e o futuro, é imprevisível.
Viva romances de cinema, contos de fada e casos de novela. Faça sexo, mas não sinta vergonha de preferir fazer amor. E tome sempre conta da sua reputação, ela é um bem inestimável. Porque sim, as pessoas comentam, reparam, e se você der chance, elas inventam também detalhes desnecessários.
Se for se casar, faça por amor. Não faça por segurança, carinho ou status.
A sabedoria convencional recomenda que você se case com alguém parecido com você, mas isso pode ser um saco!
Prefira a recomendação da natureza, que com a justificativa de otimizar os genes na reprodução, sugere que você procure alguém diferente de você. Mas para ter sucesso nessa questão, acredite no olfato e desconfie da visão. É o seu nariz quem diz a verdade quando o assunto é paixão.
Faça do fogão, do pente, da caneta, do papel e dos armários, seus instrumentos de criação. Leia.
Pinte, desenhe, escreva. E, por favor, dance, dance, dance até o fim, se não por você, o faça por mim.
Compreenda seus pais. Eles te amam para além da sua imaginação, sempre fizeram o melhor que puderam, e sempre farão.
Cultive os amigos. Eles são a natureza ao nosso favor e uma das formas de mais raras de amor.
Não cultive as mágoas – porque se tem uma coisa que eu aprendi nessa vida é que um único pontinho preto num oceano branco deixa tudo cinza.
Era isso minha querida. Agora é sua vez. Por favor, encha mais uma vez minha taça e me conte: como vai você?

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